Julho - Parte 1

Sim... eu ando muito relaxada com o blog, e estou sendo obrigada a fazer resumos. Mas hei de melhorar...

Julho
Mamãe e Júlia vieram me visitar e conhecer essas terras tão tão distantes. Foram 50 e poucos dias intensos, fomos a um balneário em Pau D’Arco.

E a Santa Maria das Barreiras, onde conhecemos a praia [praia fluvial: na época das cheias elas desaparecem, já na estiagem temos até ilhas!]. Porém, até chegarmos à praia, tivemos muitas aventuras: estradas de terra, atravessamos fazendas e com pontes dignas de Globo Repórter , um cenário lindo, devo assumir...

Mas não foi nada fácil, eu não conseguia atravessar as pontes sem minha pressão subir para 24x17, taquicardia, tremedeira, dor no peito... meu coração parecia que ia explodir.

Uma das mais emocionantes foi atravessada de noite... deve ser algum trauma de uma vida anterior, sei lá!

Olha que casinha mais pitoresca! E toda enfeitadinha e bem cuidada :) 

Quando finalmente chegamos a cidade [onde fica a praia] outra surpresa [sim, a aventura AINDA não tinha acabado] tínhamos que atravessar o rio em pequenas canoas a motor, PORÉM carregados.

Os 5 minutos de canoa [que pra alguém cagona como eu, pareceram HORAS] foram bons, consegui até disfarçar [o pavor] na hora da foto...

Continua...

Encontrando a Redenção...

Em junho minha amiga amada, idolatrada, salve, salve Tamara veio aqui me ver :D

E eu achando que, morando longe, não teria visitas... Foi bom demais os dias que ela passou aqui.













Tivemos pipoca doce [coisa que sou tarada!] e visitas diárias do Amado :)

E a Bebel está encontrando Redenção...

Entre outras abstinências...

Ficar sem carro aqui tá fódis! Além da falta de mobilidade, o calor aqui nos deixa cansados e é brabo encarar esse sol. E toda vez que reclamo do calor sempre ouço a célebre frase "você acha que tá quente? Espera agosto e setembro"...

Eu acho que aqui tem um sol pra cada pessoa, não é possível!

A cidade aqui é uma gracinha, pequena, tem tudo (menos cinema, livraria, transporte público, Mc Donnald's e bom atendimento) só é mal cuidada.

Fui dar uma volta e tirei algumas fotos...

Chegando no Centro Financeiro de Redenção, na Av. Brasil

Sim, aqui temos Bradesco! :) Ah, também HSBC, BanPará, Banco da Amazônia e Caixa Econômica Federal.

Um sinal de descaso é isso... o asfalto acaba, do nada!

:)

Pará? O que você foi fazer aí?

...essa é a frase mais ouvida nos últimos meses.
O que vim fazer? Bem, que tal GANHAR DINHEIRO, ser INDEPENDENTE, melhorar ainda mais o CURRÍCULO, conhecer lugares que só ouvimos falar nas aulas de GEOGRAFIA? :)

Alguns se assustam sim, porém minha família e pessoas de mentes mais abertas [lê-se: corajosas] vêem isso como um MAIS passo.

Redenção [aqui no Pará] surgiu da divisão de uma grande região denominada Conceição do Araguaia. Aliás, com essa divisão de Conceição mais de 5 cidades foram criadas.

A cidade, com 51 mil habitantes, está bem no sul do Pará, bem na quina... A 1h de Tocantins, 5h do Mato Grosso. Porém, é mais perto ir pra Goiânia do que pra capital do estado, Belém, deve ser por isso que Goiânia influencia tanto aqui.
Tratamento médico, roupas, cultura, sotaque, gastronomia (???) tudo é praticamente goiano, Goiânia é a capital do sul do Pará :p
Isso inclui a generosidade e hospitalidade goianiense :) As pessoas são bastante solícitas e amigáveis.

Como toda cidade pequena, pode-se fazer muita coisa a pé, porém o calor e o sol não permitem, assim como a falta de transporte público. Assim, me vi obrigada a pedir carona e usar moto-taxi [por mais pavor que eu tivesse...].

O descaso com a cidade é uma coisa que assusta: grandes avenidas com crateras, falta de sinalização...lixeiro??? Não sei se existe, sei que com o calor, o cheiro exalado pelas lixeiras é como se tivesse um rebanho morto há dias!

Dizem as más línguas que o antigo prefeito não gostou de ter perdido a eleição, então demitiu todos os funcionários da limpeza e sumiu com todos os caminhões de lixo AHAHAHHAHA. Porém, já tenho 3 meses aqui e já deu tempo do novo prefeito fazer alguma coisa, creio eu... ;)

Uma particularidade da região... aqui antigamente (???) era considerado Terra de Ninguém, garimpos e extração de mogno reforçavam isso. E como quem vinha pra cá, vinha pra ganhar dinheiro e se dar bem, a lei do mais ARMADO é o que prevalecia. Quando se chega na cidade, percebe que não existe leis de trânsito, é assustador! Milhões de motos, carros, bicicletas, carroças todas juntas, virando, estacionando, freando... sem o menor aviso. Ah! Tem uma lei de proibição do uso de capacete, porque só os marginais usavam para não serem reconhecidos [AHAHAHHAHAHAHAH] é verdade :)

Então, Redenção ainda tem a fama de que "nego atira só pra ver o tombo" ou "terra sem lei"... e muitos ainda mantém esse costume, pacientes com tiro, esposas com machadada na cabeça, todos os tipos de fraturas por acidentes de moto...

Outra coisa, acho que eles competem pra ver quem carrega mais sobre uma moto... já vi motos com 5 pessoas...

Quando chove...
O hospital fica no final da Av. Brasil, pra minha sorte, a 2 minutos da minha casa, porém sem asfalto. E n'um dia que choveu eu fiquei de pé na porta do hospital por quase 15 minutos esperando uma carona pra eu poder atravessar o córrego que havia formado na porta :)

Hospital Regional Público do Araguaia - Redenção, Pará

Eu moro n'um bairro novo, Park dos Buritis, ruas caprichosamente pavimentadas... Inclusive, quando chove, a pontezinha alaga AHAHAHHAHHA.

Aliás, a impressão que tenho é que o coronelismo ainda continua aqui, porque o asfalto do meu bairro termina quando começa o outro bairro, é como se cada bairro tivesse um dono e cada um cuida do seu.

Não tenho fotos da cidade porque ainda não tive coragem de andar com a minha máquina
:)

Vivendo quase na ponta do mapa

Com toda a burocracia admissional feita, a vida começou.
Claro que, com [assombrosos] 3 meses de experiência.

Em 2 semanas que estada em Redenção, o Ga [briel, namorado] veio me ver;



Fiquei 1 mês morando no Hotel do Bolinha, esperando desocupar uma kitnet por perto;

Dia 11 de fevereiro peguei a chave da casa de bonecas [kitnet onde moro].

Sim, eu sou como a Brahma, moro no número 1 ;)

E 4 dias depois, minha mudança chegou de Goiânia...

A impressão era de muita coisa pra pouco espaço... Geladeira na entrada da cozinha, 3 mesas e milhões de caixas. Pensei "Sifudí! Vou ter que alugar a kit vizinha" AHAHAHHAHAHAH

Como não tinha cama, dormi por 3 dias no sofá. Imagine um sofá de 3 lugares, eu tenho 1,74m e sou miudinha... O tecido parece veludo n'uma terra que no inverno (???) faz 40ºC... mas de noite esfria, cai pra 39ºC...
Começava a minha noite dormindo no sofá, mas na madrugada descia as almofadas para o chão e dormia no chão. Apesar do pavor de insetos e afins, tinha que ignorar, no dia seguinte era dia de branco e eu tinha que dormir.

É claaaaaaaaaaaro que eu já tinha internet, aliás o Ga[briel] havia trazido computador e o modem [Zap da Vivo] quando veio me visitar no começo do mês, quando eu ainda estava no hotel.

Mas com o tempo, as coisas foram tomando forma... a casinha de boneca foi sendo organizada;

Antes e depois...

O mais divertido é que tava bom demais essa vida!

Literalmente, nóis sofri, mais nóis gosta :)

Mal terminei de organizar as coisas e fiz um jantar de inauguração, eu e minha arc-rival comemos una bella massa, talvez para relembrar dos jantares do Brasil...

: )

Enfim... no VELHO-OESTE!

Como eu tinha vindo semi-escondida, durante a semana que passei fora a mamãe acabou contando para meus tios e primos que eu tinha vindo para cá, aí as orações foram reforçadas :)
Para todos de Goiânia eu tinha dito que estava indo passar uma semana de férias em Brasília...

Quando voltei CONTRATADA foi aquela festa! :)

Uma semana foi pouco...
Com a mamãe em Goiânia [tudo ficou MUITO mais fácil] separei o básico para vir enquanto ela ia arrumando a mudança [eu tinha uma casa montada lá].

...a semana acabou.
Da Tamara não consegui me despedir, na verdade não tive coragem. Tinha ido a casa dela no dia anterior a viagem, e no dia de me despedir, liguei dizendo que não ia.
Já com o Ga [briel, o namorado] passei os últimos dias, num corre-corre louco, agilizando as coisas e tentando vender o meu carro. Coisa que não consegui.

Na vinda para o Pará eu realmente passei em Brasília, tinha que me despedir dos meus amigos de lá. Parada obrigatória e sempre deliciosa na Borsari's House, com toda família e de quebra a Michele, já minha prima também! :)

Almoçamos, curtimos piscina, sauna e muitas risadas! Nossa senhora, Juliana e Michele juntas é dose pra leão! E, como tem sido frequente, a Ju não apareceu em foto alguma AHAHHAHAHAHAHHA


Pose Ilhas de Caras...

Depois, o Ri [cardo] me pegou e fomos jantar... Como diria o filósofo Lulu Santos adivinha o que? SUSHI!!!
Mais tarde, já com nossas respectivas panças cheias, foi a hora de encontrar Marcão e irmos ao SAMBA!!! Nossa, como foi delicioso! Aliás, foi tão bom quanto tem sido todos os nossos encontros, desde nossas infâncias AHHAHAHAHAHHA

Nossa noite foi muito interessante... finalizou com uma vidente, revelações com o samba de fundo... Êta nóis!

Enfim, saí de Brasília n'um vôo de manhã para Palmas (TO), AGORA SIM começa a aventura!
Eu assumo: não tenho medo de avião, não tenho medo de altura... MAS SOBREVOAR UM RIO que parecia ter mais de 100 km de extensão NÃO TEM PREÇO, que medo!!! O rio era o Tocantins.

Chegando em Palmas, fui pra rodoviária pegar um ônibus para Guaraí (TO) e de lá pegar um ônibus para Redenção (PA).

Ou seja, pra ir pra São Paulo, ou passar alguns dias passendo, mesmo que seja um feriado prolongado é impossível! É um dia inteiro de baldeações para IR e um outro dia para VOLTAR. Então, nos feriadões, ficarei viajando pela região norte mesmo.

Eis que estava tranquila no busão quando de repente, não mais que de repente, ele começa descer um barranco (???).

Com o medo que eu tava em andar de ônibus por essas terras, pois o índice de assalto é alto e evento frequente, qualquer freada, parada em lugar estranho, reduzida de velocidade, enfim, qualquer coisa diferente eu olhava pelo vidro...

TCHARAM, o ônibus desceu um barranco pois iríamos atravessar o rio por uma BALSA!!!
Nesse momento não sabia dizer se o medo de sobrevoar o rio era maior ou menor que atavessar um outro de balsa...

UFA! Foi mais tranquilo que imaginei. Na balsa haviam outros ônibus e carros!
Já sobre a balsa, o motorista abriu a porta e eu ouço uma voz vindo de fora "miiiiilho coziiiiido" AHHAHAHAHAHHAHA Além de descer do ônibus, poderíamos fazer uma boquinha!
Eu desci [deveria estar com cara de caipira AHAHHAHA] filmei, tirei fotos da travessia, mas não encarei o milho, vai saber se não estava sendo cozido com a água do rio, argh!

Algumas longas poucas horas depois, cheguei em Guaraí e lá um chá de cadeira.
Por sorte, a mamãe tem uma amiga na cidade, ela foi para a rodoviária e me fez companhia até o ônibus sair.
Me lembro que era o último capítulo da A Favorita...

Como já disse, tenho pavor de viajar de ônibus pra esses lados... Os ônibus da Transbrasiliana são um lixo, param até pra cachorro atravessar a estrada, no meio do nada, e ainda os assaltos... Nada de valor na bolsa de mão, celular no silencioso e dentro da calça sempre. Ou seja, a viagem fica mais longa.

Enfim, saí de Brasília ao meio-dia de sábado e cheguei em Redenção às 7h da manhã de domingo. Mas, cheguei inteira!

A segunda-feira, dia 19 de janeiro de 2009, seria longa

: )

Ano novo, vida nova de verdade!

Meu ano começou chegando no Pará...

a entrevista foi marcada para o dia 06 de janeiro e lá fui eu!

Primeiro, tive que vir de ônibus, porque o aeroporto mais próximo de Redenção fica a 6 horas e a passagem custa o mesmo de São Paulo - Bueno Aires...

A empresa que faz esse trecho (Goiânia - Redenção) é a Transbrasiliana (ecat!!!)

Ainda bem que sempre viajo bem agasalhada [sempre passo frio], mas dessa vez esse ônibus se auto superou-se a si mesmo! Além de frio congelante, chovia mais dentro que fora!

Em uma das INÚMERAS paradas pedi que abrissem o bagageiro para que eu tirasse outra calça e outra blusa, pois estava enxarcada!

20 horas depois... cheguei!

Isso porque eu vim de Goiânia...

Assumo que o que vi [apesar de todas as pesquisas nos Googles da vida] me assustou um pouco: uma cidade pequena, mal cuidada, com as principais [4] avenidas dignas de reportagem do Globo Reporter sobre "O abandono das prefeituras", o trânsito (???) um caos! Semáforo pra que? Comentário do taxista "esse sinal é novo, mas ninguém respeita... e ele vive quebrado".

E o calor??? Nossa senhora!!!

Fiquei no Hotel do Bolinha... no meio do nada, de frente pra lugar nenhum, mas ao lado do Hospital (e era isso que importava!)

Cheguei no domingo, dia 05 para poder descansar e me apresentar inteira na entrevista. Tinha pedido sugestão de hotel para a pessoa que me contatou, e ela foi um anjo: o hotel fica a menos de 400 metros do hospital!

Depois de descansar e me cansar de ficar no quarto, fui fumar na recepção do hotel e lá conheci minha concorrente, aliás a única: vinda de São Paulo, com experiência no Albert Einsten e InCor, características que a fizeram de colega de hotel à arc-rival em apenas 2 segundos [mais rápido que o motor da McLaren!].

Porém, A MOÇA ERA LEGAL! DROGA!!! Torcer contra ela exigiria mais força do que se eu a tivesse odiado, e ainda por cima a fêla era loira natural e MAGRA!!!!!

Depois disso e de várias idas e vindas ao hospital e saídas com nossos novos amigos... Na véspera do dia da DECISÃO, afinal era 1 vaga e nós éramos 2... Fomos convidadas para jantar com o TODO PODEROSO.

Na volta, tcharam, fomos informadas que as DUAS ficariam ;)
A essa altura do campeonato, já usávamos a cozinha do hotel e tivemos companhias felizes: Edna, Júnior, Celeste...

Eu fui a 1ª a ser contratada, ai... nada como carregar maços de vela na mala e pedir para toda a família rezar... AHHAHAHAHAHA

A princípio, para a Sílvia (a arc-rival) não ser desperdiçada pela instituição, foi aberta uma nova vaga para ela. Mas, depois uma psicóloga foi mandada embora ara que ela entrasse em seu lugar.

Nesse interim... fomos roubadas no hotel:
dinheiro, celulares, mp3 player (recuperamos tudo, menos o dinheiro), conhecemos a Delegacia da cidade e nos fizemos conhecidas, sem ao menos estarmos contratadas, já éramos conhecidas como "As psicólogas do Regional" ;)

Ufa!!! Então, volto para Goiânia para avisar a todos e arrumar as coisas para voltar de mala e cuia... para o PARÁ!

:)