Por que será que a gente sente toda a raiva do mundo? Depois, vem a decepção, a falta e depois o vazio?
Durante a raiva queremos xingar a mãe, enfiar a mão na cara (e é claro, depois arrematar com um chute na boca do estômago) e o desfecho é o desejar que seja atropelado por um caminhão carregado (torcendo que todos os 789 pneus passem por cima).
Aí vem a decepção. É claro que a gente se decepciona com o outro, mas nos decepcionamos com nós mesmo, e surgem as questões: "será que eu me enganei por todo esse tempo?", "será que fui enganado por todo esse tempo?", será que tem dupla personalidade?", "Por que fez isso comigo?", "Por que eu fiz isso comigo?" Por que será?
A falta... Nesse momento, apesar de toda a raiva e a decepção, a ausência fala bem mais alto. Pois, querendo ou não, quando se perde algo que fazia parte de sua rotina, faz falta!
Nuoossa... aí chega o vazio... Acho essa a pior parte. O "rombo" existe, alguma coisa preenchia aquele espaço, tem uma lacuna, falta um pedaço! Nossa, falta um pedaço... e dói... Mas, acho que o que mais dói é pensar
"como será a vida agora?"
"será que volta?"
Nada expressa melhor que a música "Pedaço de Mim" do Chico Buarque, que gosto na versão da Zizi Possi:
(...)"Oh, pedaço de mim
Oh, metade exilada de mim
Leva o vulto teu
Que a saudade é o revés de um parto
A saudade é arrumar o quarto
Do filho que já morreu" (...)
: )
